Rachel de Queiroz |
No Dia Internacional da Mulher, a SECULT-ARTE/UFC, gostaria de prestar homenagem a todas aquelas que, além de labutarem incansavelmente, são responsáveis por gerar a vida.
Para simbolizar esta data tão significativa, fazemos referência a um ícone da cultura nacional, a grande RACHEL DE QUEIROZ, primeira mulher a ser admitida na Academia Brasileira de Letras. Saibam mais sobre ela: cliquem AQUI.
Eis um poema desta grande escritora, onde ela capta de forma sensível, sutil e elegante, a essência da feminilidade:
TELHA DE VIDRO
Rachel de Queiroz
Quando a moça da cidade chegou veio morar na fazenda, na casa velha... Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha, uma alcova sem luzes, tão escura!
Mergulhada na tristura de sua treva e de sua única portinha...
A moça não disse nada, mas mandou buscar na cidade uma telha de vidro...
queria que ficasse iluminada sua camarinha sem claridade...
Agora, o quarto onde ela mora é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma renda de arabesco de sol nos ladrilhos vermelhos,
que — coitados — tão velhos só hoje é que conhecem a luz doa dia...
A luz branca e fria também se mete às vezes pelo clarão da telha milagrosa...
Ou alguma estrela audaciosa careteia no espelho onde a moça se penteia.
Que linda camarinha!
Era tão feia! — Você me disse um dia que sua vida era toda escuridão cinzenta, fria, sem um luar, sem um clarão...
Por que você na experimenta?
A moça foi tão vem sucedida...
Ponha uma telha de vidro em sua vida!
Parabéns a todas as mulheres!
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